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Alenquer: Asiáticos desistem da Chemina e Câmara avança com pedido de indemnização

Na última reunião da Assembleia Municipal de Alenquer, dia 27 de setembro, o presidente da Câmara, Pedro Folgado, anunciou que a Sunshine Life Investimento Imobiliário Unipessoal já não vai avançar com a obra da Chemina que previa a conversão da antiga fábrica de lanifícios consumida por um incêndio, no início do milénio, num hotel de charme. Recorde-se que a empresa detida por investidores chineses tinha adquirido o edifício em hasta pública por 1 milhão e 100 mil euros em 2020.

Pedro Folgado informou a assembleia que os advogados do município estão a analisar esta matéria e em cima da mesa encontra-se um pedido de indemnização da autarquia, “para percebermos quais são os nossos direitos”. O autarca que ainda há quatro meses, ao Valor Local, previa a apresentação do projeto pelos empresários asiáticos a breve trecho, afirma, agora, que o município já está à procura de novos investidores. Possivelmente alguns que mostraram interesse no passado.

Chemina desejada por investidores que depois desistem do projeto

Esta não é a primeira vez que a Câmara encontra investidores que depois desistem deste projeto. Já em 2013, ano do surgimento do Valor Local, nas eleições autárquicas desse ano, a oposição acusava a autarquia, até então liderada por Jorge Riso, de não ter acionado as cláusulas indemnizatórias face à desistência do privado. À época o projeto era converter o edifício numa clínica geriátrica e centro de dia bem como zona comercial.

Em 2017, num destaque levado a cabo pelo nosso jornal sobre edifícios devolutos, Pedro Folgado, recentemente eleito para o seu segundo mandato, dava conta de contactos com grupos hoteleiros portugueses, como os grupos Ibis ou Altis, (possivelmente os tais parceiros com os quais o município pretenderá, agora, reatar contactos).

Ainda nesse ano, o edifício foi observado in loco por investidores chineses não diretamente relacionados com a hotelaria mas que poderiam fazer despontar um projeto relacionado com esta área no local. A ideia era fazer da Chemina um hotel onde pudessem ficar alojados empresários chineses que viessem tratar de negócios a Lisboa ou à região. Esses investidores até fizeram um estudo económico mas acabaram por verificar da inviabilidade do projeto no sentido de o poder retirar do papel. Uma das desvantagens relaciona-se com a arquitetura do edifício que recorde-se serviu de sede a uma das mais profícuas indústrias no local, composto por naves de três andares, mas que já à época do grande incêndio, apresentava um estado de degradação acelerado com muitas madeiras apodrecidas e a estrutura muito velha.  O edifício é muito comprido mas é estreito inviabilizando desta forma projetos mais modernos que se pudessem implantar no local.

Em 2019, o município avançava em definitivo com a solução da hasta pública. O argumento utilizado lembrava que a requalificação do edifício poderia consumir um investimento municipal entre quatro a cinco milhões de euros, pelo que a sua entrega a privados era o mais adequado. Nos termos da hasta pública, o vencedor ficava obrigado a construir ali uma unidade hoteleira com SPA e aparthotel e a manter a traça arquitetónica da fachada da antiga fábrica. O projeto teria, também, que contemplar um auditório que deveria ser cedido durante 20 horas mensais ao município alenquerense. Ainda de acordo com o caderno de encargos, o adjudicatário teria de iniciar as obras no prazo de 3 anos e meio, após o qual seriam aplicadas sanções no valor de 50 mil euros anuais. Se no prazo de 5 anos o projeto não avançasse, o município teria o direito de pedir a reversão do edifício. Recorde-se que a Câmara adquirira o edifício após o incêndio por 350 mil euros.

A pandemia que coincidiu com a passagem do edifício para as mãos dos investidores chineses fez atrasar o projeto, tendo os empresários sempre merecido a compreensão do município, mas quatro anos passados eram cada vez mais as vozes que se levantavam de desconfiança em relação ao paradeiro do projeto (que o município dizia estar pronto e que estaria permanentemente em contacto com o gabinete de arquitetura da Sunshine Life). Numa entrevista no final do ano passado, o vereador do PSD, Nuno Henriques, comentava -“Isto vai redundar numa grande deceção porque os nomes dos empresários não aparecem, nós não os conhecemos, e continuam a adiar a apresentação do todo o plano, faltam elementos nas peças”.

Nos últimos meses, o Valor Local tem tentado o contacto com a Empire World Properties, empresa mãe da Sunshine Life, para uma entrevista mas os telefones estão desligados na maior parte do tempo. A empresa tem sede em Lisboa, no Campo Grande, e dedica-se ao mercado imobiliário. Entretanto, há cada vez mais queixas de vandalismo no local. Vinte e quatro anos depois do incêndio e três presidentes de Câmara depois, tudo permanece na mesma quanto a um destino mais risonho do emblemático edifício localizado no coração da Vila Presépio.

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