O país e o Partido Socialista assinalaram recentemente, neste que é o ano do 50.º aniversário do 25 de Abril, o centenário de Mário Soares. A Assembleia da República reuniu em sessão solene para evocar a memória e o legado daquele que, por muitos, é considerado como o nome maior da nossa história democrática.
Mário Soares foi um Homem maior do que o seu tempo, um exemplo de dedicação e luta pela liberdade, sempre a liberdade e a democracia. Mário Soares foi o nome maior da democracia portuguesa porque esteve com ela em todos os seus grandes momentos, como nenhuma outra personalidade política se poderá algum dia orgulhar.
Foi Mário Soares quem desempenhou um papel muito relevante no combate à ditadura e ao fascismo (aqui como muitos outros) tendo estado mais de uma dezena de vezes preso por motivos políticos e inclusivamente exilado.
Foi Mário Soares quem foi absolutamente fundamental para, na sequência do “verão quente”, travar o radicalismo revolucionário, e afirmar o caminho da democracia representativa pluralista, no 25 de Novembro. Quando outros estavam fora e fugiram, foi a coragem e a audácia de Soares que triunfou possibilitando assim que a Democracia vencesse no pós-25 de Abril.
Foi também Soares, quem permitiu que a descolonização portuguesa se afirmasse pelo importante princípio da auto-determinação dos povos “subjugados” e não por qualquer outra lógica de preservação de um poder e influência do “subjugante”, restituindo dignidade a Portugal neste processo.
Foi também Soares, absolutamente decisivo para que Portugal pudesse ter entrado na então Comunidade Económica Europeia, hoje União Europeia, tendo sido ele próprio a outorgar em nome de Portugal, numa cerimónia realizada no Mosteiro dos Jerónimos, o ato de adesão português.
Foi também Soares, o primeiro Presidente da República portuguesa, não militar, eleito no pós-25 de Abril, tendo tido uma votação de reeleição acima dos 70% (algo que até hoje mais ninguém conseguiu alcançar).
Mais tarde foi candidato cabeça de lista do PS ao Parlamento Europeu, nas eleições europeias de 1999 tendo vencido essas eleições com cerca de 43% dos votos.
Quando se pensava que as eleições europeias de 1999 haviam sido a “sua última dança” eis que Mário Soares voltou a surpreender, com uma nova candidatura à Presidência da República nas eleições presidenciais de 2006, na altura com 81 anos de idade.
Soares “nunca colocou os papéis para a reforma” na sua atividade política, e sempre manteve um papel muito ativo e uma voz muito forte e atuante até aos seus últimos anos de vida. Prova disso mesmo foi o chamado “congresso das esquerdas” realizado na Aula Magna em Lisboa, em 2013 no auge do Governo liderado por Pedro Passos Coelho, no qual Soares foi um dos principais impulsionadores.
O percurso político de Mário Soares, que apenas passámos brevemente em resumo, denota que Soares foi de longe o político português que melhor soube interpretar o sentimento do Povo Português, em cada momento, com uma enorme intuição e faro, e sobretudo uma enorme coragem na ação. Foi um “fazedor de pontes” como ninguém, quer à esquerda, quer à direita. Uma personalidade ímpar da nossa vida democrática que nos convoca a tod@s para continuarmos a lutar pela nossa liberdade e pela nossa democracia, todos os dias!
Respeitar o legado de Mário Soares é não dar a democracia como algo que é garantido, mas lutar por ela e melhorá-la, como processo inacabado de luta quotidiana e permanente. É isso que Soares espera de nós. E nós não podemos desistir, pois só será vencido, quem desistir de lutar pela nossa liberdade e pela nossa democracia!
