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André Vaz: “E agora América?”

Após as grandes guerras do século XX, com o objetivo de ressuscitar as devastadas economias, desenvolveu-se um processo de liberalização de trocas, ao que chamámos de globalização. A globalização criou oportunidades aos países, permitiu a sua especialização o que acrescentou maior valor nos bens e serviços e permitiu a constituição de economias de escala que levou à redução dos custos de produção (e em muitos dos bens e serviços à redução do preço praticado ao consumidor final). Ao mesmo tempo, criou situações de precariedade e exploração laboral, conteve os custos com o fator trabalho esmagando os salários praticados e acima de tudo, aumentou as desigualdades entre ricos e pobres.

A criação de tarifas sobre o processo de trocas é um mecanismo que existe desde a Grécia Antiga, pensado com objetivo do desenvolvimento das indústrias nacionais. Este mecanismo protecionista concretiza-se pela colocação de uma taxa sobre um determinado bem, que o torne de tal maneira dispendioso adquirir ao exterior, que motiva a produção no próprio país (gerando mais empregos e crescimento económico). Claro está, tudo isto, na sua conceção teórica.

Em 2024, os Estados Unidos atingiram 1,2 Triliões de dólares (1,2 milhões de milhões de dólares) de défice na balança comercial de bens com o resto do mundo, uma marca histórica nos registos estatísticos. Ao mesmo tempo que a dívida pública americana atingirá, em 2025, os 36,5 Triliões de dólares. E este é o verdadeiro problema. A dívida pública americana crescente, associada a um défice público sem controlo, levou à necessidade da Administração Trump em fixar tarifas alfandegárias. Que tem três objetivos: 1) aumentar as receitas do Estado de forma imediata; 2) Alavancar o crescimento económico americano, com a atração de novas indústrias, originando outro tipo de receitas fiscais e; 3) a redução do défice comercial e contenção do consumo das famílias americanas, apesar do seu impacto no crescimento da economia a curto prazo, cria as poupanças necessárias para o refinanciamento da dívida pública (ou seja, as poupanças geradas poderão ser emprestadas ao Estado de forma a que este consiga pagar a dívida que vence no imediato).

O problema é que a diferença entre os efeitos das tarifas implementadas no tempo da Grécia antiga e nos Estados Unidos no século XXI, chama-se globalização. A globalização, a interdependência entre países, faz com que os efeitos ou objetivos teóricos da implementação de tarifas alfandegárias como medida com efeito estrutural na economia, sejam sistémicos noutros setores e países. A forma como os americanos dependem dos mercados financeiros para constituir as suas poupanças e reformas, fez com que mera notícia da implementação de tarifas levasse à perda de milhares de milhões de dólares nos fundos de investimento e de pensões. A dupla perda causada aos americanos, por um lado, com a quebra do mercado bolsista e por outro, com o aumento das taxas de juro (quando as taxas de juro aumentam, os valores dos títulos do Tesouro diminuem, reduzindo o património dos Bancos e Fundos que detêm esses mesmos títulos), levou à desvalorização imediata das suas poupanças. A isto ainda podemos juntar o previsível aumento da taxa de inflação, que vai desferir o terceiro golpe na América.

Os próximos tempos serão de grande volatilidade. Resultarão numa aceleração do crescimento económico, pela antecipação de encomendas com o objetivo de não serem afetadas pelas novas tarifas, e acabaremos o ano (caso tudo se mantenha como está) com a economia a desacelerar. 2026 será um ano com um previsível início de contração (a aceleração das encomendas de 2025 não será perpetuada em 2026). Serão 2 anos de grandes desafios económicos, sem sabermos o efeito sistémico no mundo, mas onde os mais prejudicados, no imediato, serão as famílias americanas.

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