Está de portas abertas a Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira. Este ano, o Prémio “Tauromaquia” foi entregue a Pedro Rocha; o Prémio “Concelho de Vila Franca de Xira” a Ricardo Moita; a Menção Honrosa a Filipe Bianchi; e o vencedor do Prémio “BF24” – Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira foi para Alexandre de Magalhães. “Mais do que nunca o mundo da fotografia invade a cidade” nos espaços públicos e privados, referiu Fernando Paulo Ferreira, destacando o carácter cosmopolita da Bienal “que reúne gente diferente em torno desta expressão artística”. Apontou ainda que “a BF sempre foi um momento de mostra e de competição”, dois princípios “refundados a partir de 2016 com a entrada dos curadores, com sucesso”. O Valor Local falou com os artistas premiados que falam em discurso direto dos seus trabalhos nesta exposição.
Alexandre de Magalhães, Vencedor Prémio BF 24
“Bem, esta minha exposição, desde logo, tem um trabalho contínuo de cerca de quatro anos. Nasceu da pressuposição de que existe uma espécie de vibração subliminar que ocorre debaixo da terra e que nós só percecionamos, ou de uma maneira mais nítida conseguimos percepcionar, quando não estamos com a cacofonia do dia-a-dia. Então propus-me fotografar, saí de casa por volta das duas, três da manhã, onde encontrei todos os cenários, como por exemplo uma gruta em Alcanena que temos aqui na exposição. Não interessa exatamente o local. O que interessa é que tenta traduzir, de alguma forma, aquilo que não conseguimos ver. Houve um professor, muito importante para mim, que citou esta parábola, há fotógrafos que são agricultores e outros fotógrafos que são caçadores. Eu gosto de pensar o meu trabalho como um fotógrafo agricultor, que planta para poder colher. Planeia. Em vez de encontrar situações fortuitas, construo as situações. São tudo construções para poder aceder ao visível de uma forma subliminar.”
Ricardo Moita, Prémio “Concelho de Vila Franca de Xira”
“O meu trabalho foi nas instalações abandonadas da fábrica da Cimianto. Este edifício sempre fez parte do meu imaginário. Despertou-me alguma curiosidade querer saber o que se passou lá dentro, o que sobrou das atividades profissionais que estavam lá presentes. Acho que este trabalho, acima de tudo, espelha essa curiosidade. Encontrei um vasto arquivo que está lá parado de obras públicas, obras privadas, e fotografias. Algum desse arquivo que encontrei, até utilizei para complementar as imagens que fiz do espaço. Encontrei também frascos com amostras de terra, não sei para que serviriam. Notei que havia dois espaços muito específicos, o administrativo e a oficina. Ao encontrar estes espaços vazios, de grande contraste entre si, tudo isso chamou-me à atenção. Acho que mesmo estando vazios, transportam uma grande carga emocional.”
Pedro Rocha, Prémio “Tauromaquia”
“O meu trabalho é sobre identidade. Vem no seguimento da classificação da tauromaquia como património cultural de interesse municipal, no sentido contrário àquilo que está a acontecer na Espanha, na França, no México. Em Espanha a candidatura a património da humanidade foi recusada; em França a tauromaquia já esteve e saiu da lista do património. No México, o caminho está a ser parecido. Nesta exposição apresento imagens de Vila Franca, Santarém, Moita, ilha Terceira, locais onde existe mundo taurino. Nestas fotos destaco também a fé que está muito ligada à tauromaquia. Mas isto é um trabalho documental, e portanto vamos descobrindo as coisas à medida que se fotografa. Não havia nenhum plano, não havia nenhuma direção. Resultou no que temos aqui.”
(Conheça os trabalhos a concurso aqui)