Helena Maciel do CDS-PP deixa de votar ao lado do PSD na Assembleia Municipal de Azambuja até ao fim do mandato. Eleita nas listas da Coligação Sempre ao Seu Lado (PSD +CDS-PP) nas autárquicas de 2021, Helena Maciel, única representante daquele partido eleita no órgão deliberativo, decidiu em conjunto com o líder da concelhia centrista, Vasco Lima, que é hora de dizer adeus, e como tal o CDS-PP passa a assumir-se de forma separada da restante bancada da antiga coligação.
O clima de guerrilha interna nas hostes social-democratas entre a nova presidente da concelhia, Margarida Lopes, e o antigo presidente e atual vereador, Rui Corça, fizeram mossa, o que levou o CDS a querer distanciar-se. Por outro lado, diz Helena Maciel, que este novo PSD que normalmente discutia os assuntos previamente com o CDS-PP antes de cada assembleia municipal, queria que o assunto dos ataques com uma faca na escola básica de Azambuja, no passado mês de setembro, ficasse arredado da discussão no órgão deliberativo, mas Helena Maciel considerou que o tema não devia ser ignorado. “Anteriormente havia uma comunicação entre vereadores e assembleia municipal, mas isto quebrou-se com a nova concelhia, e por isso apenas represento agora o CDS-PP”, constata ao Valor Local.
“Anunciei que ia falar do tema porque sinto que tenho obrigação de dizer que as escolas precisam de mais atenção e de mais segurança e com mais professores e funcionários preparados para fazer este tipo de diagnósticos”.
Vasco Lima: “No fundo “temos aqui um problema ao melhor estilo – O meu pai tem mais bigodes do que o teu”
Por outro lado, confessa que ao exceder os cinco minutos para a sua exposição que decorreu na assembleia do passado dia 30 de setembro “criou-se um certo mal-estar no grupo do PSD” que assim ficava com menos tempo para falar. Vasco Lima, presidente da concelhia, vai mais longe – “Não compreendo tanto desdém do PSD por um assunto que é tão importante no concelho como a segurança”. No fundo “temos aqui um problema ao melhor estilo – O meu pai tem mais bigodes do que o teu” ao referir-se ao exceder de minutos por parte da deputada na sua intervenção, e vai mais longe – “Quando o PSD tinha à sua frente Rui Corça nunca tivemos quaisquer problemas. Sempre discutimos os assuntos e sem interferências naquilo que uma ou outra força partidária entendiam que devia ser abordado na assembleia, mas quem é prejudicado é o PSD e não o CDS-PP com este quadro”.
A um ano das eleições autárquicas, Helena Maciel desvaloriza este acontecimento e diz mesmo que há três anos, o CDS-PP foi numa coligação com o PSD porque “foram ordens da nacional do partido” que se encontrava em pior situação financeira do que atualmente, dando a entender que em 2017 encabeçou uma candidatura própria e que isso até pode voltar a acontecer.
Já Margarida Lopes ouvida pelo Valor Local diz “não entender a saída de Helena Maciel” do grupo na assembleia. Contudo refere que ao longo de várias assembleias municipais, a deputada usava a quase totalidade do tempo disponível da bancada para falar “prejudicando os demais eleitos, neste caso do PSD”. “Não podemos apregoar que queremos por ordem na casa e depois admitirmos esta falta de respeito para com os colegas de bancada. Foi chamada à atenção, mas nunca lhe pedimos para sair. Só na penúltima assembleia usou 9 minutos no total dos 13 aos quais a bancada tem direito”. Já quanto ao tema do incidente na escola – “Se ela fazia questão de falar nisso, tudo bem, não podia era usar o tempo todo”. A um ano das autárquicas e face a um reeditar da coligação ou não, Margarida Lopes, refere que qualquer cenário ainda está a ser estudado “e como tal vamos aguardar as instruções do partido”, limita-se a dizer.