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TGV: Um comboio que passa… e que soa como se fosse um aspirador ou um ar condicionado

Após 2030, ano em que se perspetiva a conclusão do troço Soure-Carregado da linha de alta velocidade no país, quem viver a 30 metros da passagem do comboio, o som que ouvirá será semelhante ao de um aspirador como se estivesse no exterior. Se estiver dentro de casa, então o impacte a nível da audição será ainda menor. Se a distância for a de 100 metros (o equivalente a 60 decibéis) então é como se ouvisse o trabalhar de um aparelho de ar condicionado. A mais de 200 ou 300 metros então o som é praticamente impercetível. Foi desta forma simplificada que o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP) Carlos Fernandes deu a conhecer os impactes que pode acarretar a passagem do TGV pela região. No auditório do Centro Paroquial de Azambuja, no dia 13 de março, dezenas de pessoas foram assistir à sessão, muitas delas oriundas não apenas da nossa região, mas também da zona de Leiria.

O impacte ambiental do TGV esteve em consulta pública até há poucos dias, e no que concerne a este que é o troço C da linha de alta velocidade, Carlos Fernandes explicou que os impactes serão pouco expressivos no que respeita aos concelhos da nossa área de influência, Alenquer e Azambuja. O troço que terá 116  (solução A) ou 117 quilómetros (solução B) não implicará a demolição de nenhuma casa de habitação na nossa região. A IP durante a sessão salientou o bom entendimento que houve entre aquele organismo do Estado, a Câmara de Azambuja e a EPAL para contornar da melhor forma a passagem do TGV por Vila Nova da Rainha. A localidade ficará com um afastamento de 250 m (via descendente) e no máximo 400 m (via ascendente) face aos traçados. Inicialmente a população acreditava que o TGV podia passar a escassos metros das casas, o que motivou uma onda de contestação generalizada.

No total da sua extensão, este troço vai afetar 76 casas na sua passagem, e 118 anexos, sendo que “a APA e a comissão serão soberanas na escolha da melhor decisão”. Carlos Fernandes explicou que o projeto poderá ser sempre alvo de pequenos ajustes em função dos que possam vir a ser mais prejudicados, mas no fim de contas “a linha tem de ser reta” e não ziguezagueante, e como tal não comprometer as questões de segurança. No total a fase 2 está orçada em 2,4 mil milhões de euros. O projeto na sua totalidade vai custar entre 5 a 6 mil milhões de euros.

Quem veio assistir quis perceber de que forma a passagem do TGV afetaria o local onde vivem
Entidades públicas vieram a Azambuja explicar os impactes da alta velocidade no território

A plateia estava ainda muito expectante para perceber melhor como vão ser calculadas as indemnizações e em que altura serão pagas. Foi referido que o concurso da obra deverá ser lançado no próximo ano, que terá um prazo de ano e meio. Ainda este ano serão produzidas as conclusões ambientais durante o verão. Em 2027 o contrato será assinado e no início de 2028 os proprietários serão contactados pelas entidades com vista às expropriações, cujas indemnizações serão calculadas pelo tribunal. “Uma casa será sempre tratada de forma diferente de um terreno”, assegurou.

IP fala num projeto completamente disruptivo para o país

O ceticismo imperou por parte dos presentes quanto à mais-valia do TGV para o país, tendo em conta que estão previstas, por ano, 16 milhões de deslocações. Recorde-se que a viagem de TGV entre Lisboa e Porto não irá além de uma hora e um quarto; e entre Lisboa e Leiria, 36 minutos. “Será algo completamente disruptivo”. Atualmente 6 milhões de passageiros circulam nos comboios, e a IP espera ir buscar 1 milhão e meio ao transporte aéreo e 5 milhões aos autocarros. O custo do bilhete entre Lisboa e o Porto será de 25 euros, “inferior ao que custa hoje andar de Alfa”.

Os presentes também ficaram mais sossegados quanto a possíveis impactes com a passagem do TGV junto à Companhia Logística de Combustíveis em Aveiras de Cima, estando as questões de segurança sido asseguradas, pelo que o complexo energético está presente na denominada carta de condicionantes. Até o futuro Aveiras Valley Park foi encaixado no projeto. A presença da central solar da Torre Bela não se revelou como crítica para a passagem do TGV.

Recorde-se que a solução B é que recolhe menos críticas por parte da população do concelho de Azambuja à sua passagem pelas freguesias mais a norte, e os técnicos deram a conhecer que em princípio será essa a opção. O projeto não prevê a colocação de barreiras acústicas à passagem pelos territórios de Alenquer e de Azambuja, mas em caso de necessidade a IP não colocará entraves. Carlos Fernandes explicou ainda que o traçado do TGV pegou no trabalho que já tinha sido concretizado antes, a partir das condicionantes que tinham sido inscritas na Declaração de Impacte Ambiental de 2007 e 2009 com revisitação posterior dos territórios.

Neste momento no troço Soure-Carregado ainda estão em aberto duas possíveis soluções
Autarquias de Azambuja e de Alenquer satisfeitas com o que foi mostrado

No final da sessão, o presidente da Câmara de Azambuja, Silvino Lúcio, saudou o projeto da alta velocidade para o país e o bom entendimento que se conseguiu com os organismos do Estado no que ao concelho diz respeito- “Em boa hora acarretaram as nossas pretensões e assim satisfizeram as populações, que no início temiam a construção de um viaduto a 50 metros das suas casas. Quanto à passagem pela zona norte do concelho, também consideramos que a solução B é a melhor”.

Já o vice-presidente da Câmara de Alenquer, Tiago Pedro, em declarações ao Valor Local, considera que o desfecho não é negativo para o concelho e o impacte será pouco significativo no território, apenas salienta que a mudança de localização da estação do Carregado assentou numa escolha que coloca a nova infraestrutura em zona de terreno agrícola onde os comboios se vão separar entre a linha de TGV e a linha do Norte. “Talvez fosse melhor estender entre a central termoelétrica e o Rio Grande da Pipa”, que vai ser alvo de uma reabilitação paisagística com a criação de uma bolsa de estacionamento.

O autarca também ficou satisfeito ao saber que não vão ser demolidas 3 casas na Ota conforme se chegou a prever e a zona de servidão do TGV não será aumentada naquele território.  

Mais quatro anos sem poder construir

Fábio Cardoso veio de Ota a Azambuja ouvir as explicações

Fábio Cardoso vive em Ota, e foi uma das várias dezenas de pessoas que estiveram no dia 13 de março no auditório do Centro Paroquial de Azambuja, para assistir às explicações da Agência Portuguesa do Ambiente e da Infraestruturas de Portugal, sobre a passagem do comboio de alta velocidade no troço Soure-Carregado. A propriedade da família esteve durante anos sujeita à servidão do projeto do aeroporto da Ota, e com a alta velocidade ainda vai ter de esperar mais uns anos para poder construir uma casa nos terrenos do pai.

“O meu pai, naquela altura do aeroporto, queria construir uma casa para cada filho no terreno, mas basicamente só o deixavam construir um ‘canil’ porque o edifício não podia ter mais de 1m20cm de altura”. O morador no concelho de Alenquer destaca que há mais de 20 anos que o PDM não é mexido e que o estado de coisas afeta qualquer tentativa de construção.

O azar bate-lhe à porta novamente com a linha de alta velocidade, porque o terreno da família encontra-se no limite dos 200 metros tendo em conta a construção da nova linha de comboio em perspetiva. Durante mais quatro anos, não vai construir. Quanto à casa já teve de a fazer noutro local, até porque “a própria Câmara nunca é expedita nestas situações”.

Um dia mais tarde se decidir construir nesse terreno, o TGV vai passar a escassos 800 metros. Confessa que não ficou convencido com as explicações de Carlos Fernandes, vice-presidente da IP, e as associações sonoras que estabeleceu para a passagem do comboio e a proximidade às casas.

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